segunda-feira, 30 de março de 2009

O ninho (Parte I)


Minha casa anda mesmo prenhe de vida e sensualidade.
A orquídea branca se oferecendo ao capim cidreira,
Duas pombinhas, na verdade, rolinhas
Um casalzinho
Decidiram fazer seu ninho de amor
No vaso da samambaia de metro
A bailar no teto da varanda-garagem!
Depois da reforma,
Pintei a garagem de cor clara, amarelinho ocre

Mudei o piso pra branco, levemente esverdeado.
Mantive os vasos de plantas
E coloquei um sofazinho com duas poltronas de vime amarelo-sol.

Agora!
Ficam os dois "marido e mulher" deitados no vaso...
A presença dos moradores e o barulho das crianças
Não os incomoda!
Estou numa encruzilhada!
Incompatibilidade da água com o ninho!

Se os deixo continuar
Até botarem seus ovinhos,
Criarem seus filhos em idade de alçar vôos
A samambaia secará.

Espantá-los nem pensar
Quando digo:
Esse não é o lugar ideal pra criar família
Imediatamente ouço:
"Coitadinhos, mãe! Deixa eles aí!"

Minha amiga, o que faço?
A quem devo sacrificar?
Aqui tem muita coisa a ser eternizada nas lentes da minha objetiva ....

Amiga diz:
Ninguém!
Coloque água na samambaia normalmente
Quando fazem seus ninhos em árvores ao ar livre
Chegam o vento e a chuva
E eles também não se importam
Samambaia e ninho em perfeita harmonia
Na varanda-garagem ou ao ar livre
(Maria Aparecida da Silva Damin e
Maria de Fátima Garcia)

(Fotografia: Maria de Fátima Garcia)

sábado, 28 de março de 2009

Um buquê natural de orquídea para você...


(fotografia feita por Maria de Fátima Garcia - 28 de Março de 2009)

terça-feira, 24 de março de 2009

O Som do Silêncio (Tradução de Sound of silence - de: Simon and Garfunkels)

Olá escuridão, minha velha amiga

Eu vim para conversar contigo novamente

Por causa de uma visão que se aproxima suavemente

Deixou suas sementes enquanto eu estava dormindo

E a visão que foi plantada em meu cérebro

Ainda permanece

Entre o som do silêncio

Em sonhos agitados eu caminho só

Em ruas estreitas de paralelepípedos

Sob a auréola de uma lamparina de rua

Virei meu colarinho para proteger do frio e umidade

Quando meus olhos foram apunhalados pelo lampejo de uma luz de néon

Que rachou a noite

E tocou o som do silêncio

E na luz nua eu vi

Dez mil pessoas talvez mais

Pessoas conversando sem falar

Pessoas ouvindo sem escutar

Pessoas escrevendo canções

Que vozes jamais compartilharam

Ninguém ousou

Perturbar o som do silêncio

"Tolos," digo eu, "vocês não sabem

O silêncio como um câncer que cresce

Ouçam minhas palavras que eu posso lhes ensinar

Tomem meus braços que eu posso lhes estender

"Mas minhas palavras

Como silenciosas gotas de chuva caíram

E ecoaram no poço do silêncio

E as pessoas curvaram-se e rezaram

Ao Deus de néon que elas criaram

E um sinal faiscou o seu aviso

Nas palavras que estavam se formando

E o sinal disse

"As palavras dos profetas

Estão escritas nas paredes do metrô

E corredores de habitações

E sussurraram no som do silêncio"

Para refletirmos...

sexta-feira, 20 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

E por falar em Currículo...

Esta apresentação nos desafia a refletir acerca das concepções de Currículo que praticamos em nossas escolas. Para isso, aceito as contribuições de autores da Teoria Crítica, tais como Antonio Flávio B. Moreira, Giroux (1993), Santomé (1998), dentre outros, que nos possibilitam rememorar e, muitas vezes) reviver aspectos da recente história do currículo vivenciado por muitos de nós que passaram pela escola nas décadas de 60, 70, 80 e 90 - seja como alunos ou professores. Mas, ao enfatizar aspectos da pós-modernidade identifico outros autores, não necessariamente curriculistas, que nos fornecem elementos epistemológicos e metodológicos para pensarmos, compreendermos e praticarmos o cotidiano de nossas salas de aula apontando para outras formas de se olhar a escola, o cotidiano e contexto onde estas se encontram inseridas.

domingo, 8 de março de 2009

Os Presentes (Eliana Printes)

Em meu primeiro dia de aula no curso de especialização "Pesquisa e Tecnologias na Formação Docente", ofereci uma música como presente para os meus alunos-professores, em celebração ao retorno às aulas.
E, OS PRESENTES, na voz da cantora Eliana Printes, foi o mimo escolhido. Ouçam e sintam-se também presenteados com a bela voz dessa excepcional cantora brasileira:

Sebastião Salgado: Outras Américas


São tantas Américas: A princípio, oficializadas, são três: América do Sul, América Central e América do Norte.

Sebastião Salgado nos expõe de forma dura, nua e crua, as outras - as daqueles homens e mulheres e crianças que pisam o chão e constituem essas três, oficializadas no mapa físico do contimente americano.

Na imagem que aqui vemos, Sebastião Salgado expõe OS PÉS e as PEdras do chão Americano. São imagens belíssimas... porque sem esses (Tantos) pés - o território americano teria outra conformação. Pés moldam caminhos, esculpem estradas, produzem história. Pés migram, ultrapassam fronteiras. Pés se conformam à geografia mas também a alteram. Misturam-se às pedras, se endurecem. Pés de homens, mulheres e crianças produzem a história de um povo, inscrito em um território pelos tempos, dos tempos, para sempre...
Neles, nos pés do povo americano encontra-se ainda as marcas genéticas e também os rastros deixados pelo povo inca, maia, tupi-guarani, Kadiwéu, apache... Dos trabalhadores com teto e dos sem-teto.
Um olhar fotográfico, como o de Sebastião Salgado, pode nos transportar por todas as Américas...
Referências:
Imagem retirada de
SALGADO, Sebastião. Outras Américas. Companhia das Letras. São Paulo, 1999.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Lendo um pouco de Milton Santos - A questão: o uso do território


"A linguagem cotidiana frequentemente confunde território e espaço. E a palavra extensão, tantas vezes utilizada utilizada por geógrafos franceses, não raro se instala nesse vocabulário, aumentndo as ambiguidades. Uma discussão nos meios geográficos se preocupa em indicar a precedência entre essas entidades. Isso se dá em função da acepção atribuída a acada um dos vocábulos. Para uns, o território viria antes do espaço; para outros, o contrário é que é verdadeiro (André-Louis Sanguin, 1977; Claude Raffestin, 1980, 1993). Por território entende-se geralmente a extensão apropriada e usada. Mas o sentido da palavra territorialidade como sinônimo de pertencer àquilo que nos pertence... esse sentimento de exclusividade e limite ultrapassa a raça humana e prescinde da existência de Estado. Assim, essa idéia de territorialidade se estende aos própios animais, como sinônimo de área de vivência e de produção. Mas a territorialidade humana pressupõe também a preocupação com o destino, a construção do futuro, o que, entre os seres vivos, é privilégio do homem.
Num sentido mais restrito, o território é um nome político para o espaço de um país. em outras palavras, a existência de um país supõe um território. Mas a existência de uma nação nem sempre é é acompanhada da posse de um térritório e nem sempre supõe a existência de um estado. Pode-se falar, portanto, de territorialidade sem Estado, mas é praticamente impossível nos referirmos a um estado sem território."
(Milton Santos, 2002, In: Santos, M.; Silveira, M. L. O Brasil. Teritório e sociedade no início do século XXI)